Ministro propõe investir em postos para GNL, que requer estrutura própria, para transporte de veículos pesados, reduzindo CO2, NOx e materiais particulados.
Uma das principais medidas para reduzir as emissões de carbono no setor de transporte é a utilização de combustíveis mais limpos, como o GNL. O governo federal está trabalhando na expansão da infraestrutura necessária para viabilizar o uso desse combustível alternativo nas estradas, visando reduzir a pegada de carbono dos veículos pesados em circulação.
Com a instalação de postos de abastecimento de Gás Natural Liquefeito ao longo das rodovias federais, os caminhoneiros terão mais opções para abastecer suas frotas e contribuir para a transição energética do país. O GNL é uma alternativa mais sustentável em comparação aos combustíveis fósseis tradicionais, trazendo benefícios tanto para o meio ambiente quanto para a economia no longo prazo.
Projeto de Lei 4.86/2023 e os Incentivos ao GNL
Caso o governo consiga engatar essa marcha, a medida complementaria iniciativas recentes para adoção de diesel verde (HVO), biometano e o aumento da mistura de biodiesel ao diesel.
O governo quer incentivar as empresas de novas concessões rodoviárias federais a instalarem esses equipamentos de abastecimento de GNL, usando recursos das tarifas de pedágio que estão reservados para utilização em transição energética e novas tecnologias’, afirmou o ministro na última terça-feira, 19 de março, em Brasília, durante o seminário ‘Descarbonização: Rumo à Mobilidade de Baixo Carbono no Brasil’, realizado pelo Grupo Esfera e o MBCB (Mobilidade de Baixo Carbono para o Brasil).
Diferentemente do Gás Natural Veicular (GNV), amplamente difundido no Brasil, com uma frota de 2,5 milhões de veículos, a grande maioria leves, e uma rede abastecimento estruturada, o uso do GNL como combustível para caminhões ainda é incipiente no País – com apenas algumas centenas de unidades em circulação, em comparação aos cerca de mil caminhões movidos a GNV.
O GNL utiliza da molécula do gás natural, que abastece veículos (GNV), residências e empresas por meio de dutos. A diferença para o GNV é o processo para armazenagem da molécula. Enquanto o GNV comprime o gás, o GNL liquefaz num processo de criogênese, conservando-o em temperatura de 160 graus negativos.
Esse método faz com que a autonomia do caminhão, que utiliza cilindros para armazenar o gás liquefeito, possa ser de até 1,2 mil quilômetros com um tanque de GNL, contra 400 quilômetros em média nos tanques de GNV. O combustível no formato liquefeito, portanto, é sustentável para substituir o diesel, que está em praticamente toda a frota rodoviária de carga.
O GNL emite 28% menos CO2 e 90% menos NOx e materiais particulados que o diesel. Essa vantagem já tem sido explorada por outros países. A China tem uma frota de mais de 800 mil caminhões movidos a GNL, e na Europa são quase 500 mil.
Infraestrutura para o GNL e os Corredores Azuis
Recentemente, o Ministério dos Transportes obteve aprovação de uma resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) para aumentar o tamanho máximo dos caminhões, para agregar o tanque de GNL.
‘Não adianta você garantir ao caminhão o tanque, mas não ter posto de combustível nos lugares, que é o que estamos estimulando na nova rede de concessões’, disse Renan Filho, acrescentando que o objetivo é criar os chamados ‘corredores azuis’ nas rodovias. O problema é que a infraestrutura de abastecimento para GNL é praticamente inexistente em estradas.
E o custo de implementação do sistema de abastecimento dos gás liquefeito é seis vezes maior que o de veículos a diesel. Como exige uma estrutura própria para manter o líquido a baixíssimas temperaturas, o sistema de abastecimento do GNL não permite aproveitar os equipamentos do GNV, disponíveis em muitos postos.
Abegás e a Importância da Infraestrutura para o GNL
Para a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), porém, a iniciativa do governo é importante por gerar uma discussão para a criação de uma infraestrutura para o GNL.
‘O ideal seria aproveitar essa iniciativa do governo de investir na rede de abastecimento para caminhões movidos a GNL e criar projetos estruturantes para outros mercados que possam usar o gás liquefeito, como a indústria’, afirma Marcelo Mendonça, diretor técnico-comercial da Abegás.
Ele observa que a entidade vem trabalhando para aumentar e consolidar a rede de postos de abastecimento para veículos leves e pesados movidos a GNV, muito mais disseminada – são, no total, 1.700 postos em todo o País, sendo 45 nas principais rodovias. A Abegás planeja instalar mais 47 postos em rodovias até 2024.
PL 4.86/2023 e os Incentivos ao GNL
Fonte: @ NEO FEED
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